ATA DA SEGUNDA SESSÃO SOLENE DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 09-03-2004.

 


Aos nove dias do mês março de dois mil e quatro, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezenove horas e trinta e um minutos, constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Prêmio de Jornalismo Carmem da Silva à Senhora Tânia Carvalho dos Santos, nos termos do Projeto de Resolução nº 036/02 (Processo nº 0308/02), de autoria do Vereador Dr. Goulart. Compuseram a MESA: a Vereadora Margarete Moraes, Presidenta da Câmara Municipal de Porto Alegre; a Senhora Heloísa Trípoli Goulart Piccinini, representando o Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul; o Senhor Geraldo Corrêa, Vice-Presidente de Mídia Impressa da Rede Brasil Sul de Comunicações – RBS; o Senhor Afonso Antunes da Motta, Vice-Presidente da RBS TV; o Senhor Geraldo Stédile, Presidente do Conselho de Cidadãos Honorários de Porto Alegre; a Senhora Tânia Carvalho dos Santos, Homenageada; o Vereador Ervino Besson, 2° Secretário deste Legislativo. A seguir, a Senhora Presidenta convidou a todos para, em pé, ouvirem a execução do Hino Nacional e, em continuidade, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Dr. Goulart, como proponente da presente solenidade e em nome da Bancada do PSB, cumprimentando os trinta anos de carreira jornalística da Senhora Tânia Carvalho dos Santos, destacou a importância da Homenageada na vida cultural e artística do Rio Grande do Sul. O Vereador Ervino Besson, em nome da Bancada do PDT, expressou sua admiração pelo trabalho realizado pela Homenageada e ressaltou que ela representa uma figura ímpar na imprensa gaúcha, por suas atitudes em prol da mulher e pela sensibilidade com que aborda os assuntos de suas entrevistas. O Vereador Elói Guimarães, em nome da Bancada do PTB, enalteceu o brilho e a relevância demonstrados pela Senhora Tânia Carvalho dos Santos em mais de três décadas de atividades na área jornalística, afirmando ser este um grande momento para a Câmara Municipal de Porto Alegre. O Vereador Reginaldo Pujol, em nome da Bancada do PFL, louvou a feliz iniciativa da Casa em propor a outorga do Prêmio de Jornalismo Carmem da Silva à Senhora Tânia Carvalho dos Santos, justificando que o talento da Homenageada contribui para o engrandecimento cultural da Cidade. O Vereador Raul Carrion, em nome da Bancada do PCdoB, lembrou a luta desenvolvida pela Senhora Tânia Carvalho dos Santos contra as desigualdades, lendo o poema “As Mulheres da Minha Geração”, de Luís Sepúlveda, como forma de congratular a Homenageada pelo Prêmio recebido hoje. Na ocasião, a Senhora Presidenta registrou as presenças dos Senhores Felicíssimo Medeiros dos Santos, Diogo, Fabiano, Márcia e Martha, respectivamente, esposo, filhos e noras da Homenageada, bem como da Senhora Lilica Chagas, produtora da TVCom, e dos jornalistas Lauro Quadros, Eduardo Conill, Felipe Vieira e Magda Beatriz e do Senhor Roberto Pauletti, Diretor da TVCom. A Vereadora Clênia Maranhão, em nome da Bancada do PPS, explicando os motivos que originaram o Prêmio de Jornalismo Carmem da Silva, elogiou a ironia e o humor presentes na personalidade da Homenageada e sua participação em favor da classe artística durante o Governo Militar no Brasil. O Vereador Beto Moesch, em nome da Bancada do PP, externou seu orgulho em participar da presente Sessão, argumentando que a Senhora Tânia Carvalho dos Santos representa uma referência no jornalismo gaúcho, por ter tido a coragem de abordar, com competência, temas polêmicos do dia-a-dia. O Vereador Cláudio Sebenelo, em nome da Bancada do PSDB, analisou as transformações ocorridas no comportamento feminino ao longo das últimas décadas e enfocou sua admiração pelo trabalho realizado pela Homenageada, declarando que Sua Senhoria representa uma unanimidade no meio jornalístico gaúcho. Em continuidade, o Vereador Elói Guimarães assumiu a presidência dos trabalhos e concedeu a palavra à Vereadora Margarete Moraes, que, em nome da Bancada do PT, registrou sua satisfação em participar da presente solenidade, refletindo acerca da condição de mulher, jornalista e defensora da cultura representada pela Senhora Tânia Carvalho dos Santos e da competência de Sua Senhoria em desempenhar essas atividades. A seguir, a Vereadora Margarete Moraes, na presidência dos trabalhos, convidou o Vereador Dr. Goulart para proceder à entrega do Diploma referente ao Prêmio de Jornalismo Carmem da Silva à Senhora Tânia Carvalho dos Santos e concedeu a palavra a Sua Senhoria, que agradeceu o Prêmio recebido. Em continuidade, a Senhora Presidenta convidou a todos para a solenidade de inauguração da exposição “Jacobina, Líder dos Mucker”, no Salão Adel Carvalho, após o encerramento da presente Sessão, e nada mais havendo a tratar, agradeceu a presença de todos e declarou encerrados os trabalhos às vinte horas e cinqüenta e nove minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pela Vereadora Margarete Moraes e pelo Vereador Elói Guimarães e secretariados pelo Vereador Ervino Besson. Do que eu, Ervino Besson, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Senhor 1º Secretário e pela Senhora Presidenta.

 

 


A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene destinada à outorga do Prêmio de Jornalismo Carmem da Silva destinado a homenagear a querida amiga, Tânia Carvalho dos Santos. Compõem a Mesa a Srª Tânia Carvalho dos Santos, Jornalista; a Dª Heloísa Trípoli Goulart Piccinini, Auditora Substituta de Conselheiro, representante do Tribunal de Contas do Estado; o Sr. Afonso Antunes da Motta, Vice-Presidente da RBS TV; o Sr. Geraldo Corrêa, Vice-Presidente de Mídia Impressa da RBS TV; e o Sr. Geraldo Stédile, Presidente do Conselho de Cidadãos Honorários de Porto Alegre.

Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional.

 

(Ouve-se o Hino Nacional.)

 

Neste momento, fará uso da palavra o Ver. Dr. Goulart, proponente desta Sessão Solene, que falará também pela Bancada do PSB, o Partido Socialista Brasileiro.

 

O SR. DR. GOULART: Exma Srª Presidenta da Câmara Municipal de Porto Alegre, admirável e querida Verª Margarete Moraes; nossa querida homenageada, Jornalista Tânia Carvalho dos Santos; representante do Tribunal de Contas do Estado, Auditora Substituta de Conselheiro, Drª Heloísa Trípoli Goulart Piccinini; Sr. Vice-Presidente da RBS TV, nosso companheiro e amigo, Sr. Afonso Antunes da Motta; Sr. Vice-Presidente de Mídia Impressa da RBS, Sr. Geraldo Corrêa; Presidente do Conselho de Cidadãos Honorários de Porto Alegre, nosso querido amigo Geraldo Stédile; senhoras e senhores. Tânia Carvalho dos Santos - um belo presente que, num dia de Natal, Bagé deu ao Rio Grande do Sul.

Eu nunca falei com Tânia Carvalho, como tantos de nós, pessoas do seu tempo, mas há muito que Tânia nos fala com sua bela e serena forma de se expressar.

Em comum, temos o nosso passado juliano, estudamos no glamouroso Colégio Júlio de Castilhos. A nossa heroína, no final dos anos dourados; e eu, no início daqueles anos pesados, anos de chumbo.

Temos ainda em comum o ano de 1972: início de nossas carreiras. Tânia, jornalista da RBS TV; e eu, saindo do curso de Medicina da UFRGS e das enfermarias da Santa Casa - iniciando o meu trabalho comunitário nas regiões mais carentes da nossa Cidade.

Seguimos pela vida, Tânia Carvalho, com sua forte atuação em vários momentos das rádios e das televisões de nosso Estado, se credenciou para hoje receber, por ordem da unanimidade dos nossos Vereadores, a distinção jornalística Carmem da Silva. E eu, seu admirador, me credenciei, como Parlamentar, eleito pelas gentes de Porto Alegre, para lhe ofertar este prêmio, não só como manifestação de admiração, não; mas também como forma de gratidão. Gratidão por aquilo que tem feito a fortuna de todos os tempos e que se valoriza muito mais ainda na era moderna, que é a informação. Gratidão também pelo estilo suave de quem chega até as nossas casas trazendo a notícia e o estudo dos fatos com inteligência, sem jamais esquecer a dimensão da delicadeza.

O que significa o Prêmio Carmem da Silva: Carmem da Silva, feminista e jornalista, gaúcha, escritora da então revista Cláudia, durante muitos anos, no seu próprio texto contava (Lê.):”..Consegui uma coluna. Ah, benza Deus! Deus me perdoe, a Direção deu o nome de A Arte de Ser Mulher. Bem, está certo, se vocês acham que acrobacia é ser arte”. Ela era redatora de assuntos femininos e sempre tentou-se expressar de maneira livre e autônoma - embora isso fosse muito difícil em se tratando de uma publicação comercial. Tinha, no espírito, traços de bom humor e ironia e escrevia artigos que “caíam como UFOs incandescentes no marasmo em que dormitava a mulher brasileira daquela época”.

Carmem da Silva morreu no dia 29 de abril de 1985, em Resende, durante uma conferência sobre Jornalismo e Feminismo, mas continua presente nesta homenagem e nestas palavras que ela disse e que marcaram a sua época (Lê): “...Mas eis que de uns tempos para cá, a mulher passou a falar. Reivindicou seu discurso, assumiu uma voz, passou a explicar-se por si mesma, através da sua própria ótica...”

Existem várias coincidências entre essas duas personagens de nossa imprensa gaúcha. Logo no início de sua carreira, Tânia foi articulista de revistas que contaram a história recente do nosso tempo, do nosso País e a revolução dos comportamentos que corriam o mundo afora: Cláudia, Manequim e Realidade. Ombreava-se a nossa menina-jornalista com Mino Carta, Luiz Carta, Alessandro Porro, Thomas Souto Corrêa e Ruy Castro - todos mestres em sua profissão.

Caminhada eclética teve nos últimos 30 anos, ininterruptos, de trabalho pelas ondas do rádio e da TV; onde provou para que veio: informar, informar, informar. Rádio Difusora, Gaúcha, Bandeirantes FM, Guaíba FM, Pampa e Rádio 102 FM. TV Gaúcha, Guaíba, Bandeirantes, Pampa, TVE e TVCOM. Antológica tornou-se a sua apresentação no Jornal do Almoço. É com inteligência e aprofundamento cultural que apresenta o programa Falando Abertamente, o Gaúcha Comportamento, o Programa de Sábado, bem como Café TVCOM, em que viaja na literatura.

E não pára por aqui - também é importante sua contribuição para as Artes Plásticas do Rio Grande do Sul, onde iniciou como diretora do Espaço Cultural Yázigi, organizando importantes exposições, seminários, palestras e concursos. Mais adiante trabalhou na Galeria Esphera e na Galeria Guignard do Hotel Plaza São Rafael. Foi definitiva sua ação pelas Belas Artes ao trazer para Porto Alegre, pela primeira vez, exposições de Picasso, Salvador Dali, Manabu Mabe, Tomie Otake e Siron Franco, entre outros importantes artistas.

Esta grande visão de mundo se alargou com a residência de dois anos na Europa, como correspondente da Editora Abril, com sua turnê em museus europeus, a começar por Amsterdã, e suas viagens à China e ao Japão.

Para seu marido, o médico Felicíssimo Medeiros dos Santos, e para os filhos Fabiano e Diogo, certamente Tânia é carinho e motivo de orgulho.

Para o rádio e TV, é a artista da comunicação que trabalha com paixão. Para a comunidade, é a mulher que, por seu exemplo, ajudou a firmar a importância do gênero numa época em que o mundo lutava contra as derradeiras barricadas da hegemonia masculinista. Que destaque fundamental, Tânia, ao escreveres a história do teu tempo na construção da igualdade do feminino com dignidade.

Para nós, que anonimamente te escutamos na TV ou no rádio nosso de cada dia, fica a certeza de que uma menina-enciclopédia nos traz a informação, a cultura, a arte e a literatura.

Tânia Carvalho, mulher-jornalista, elegante, graciosa, bonita, apaixonada e, acima de tudo, inteligente; é a Cidade de Porto Alegre que adotaste como tua, através de sua representação neste Parlamento, que diz, em nome do povo: muito, muito, muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Ervino Besson está com a palavra e falará em nome do Partido Democrático Trabalhista.

 

O SR. ERVINO BESSON: Exma Srª Presidenta da Câmara Municipal de Porto Alegre, Verª Margarete Moraes, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) A nossa querida homenageada, Tânia Carvalho dos Santos, é uma figura ímpar da nossa imprensa gaúcha. Pessoa de extrema sensibilidade jornalística e apaixonada pela sua profissão

Trabalhando há 30 anos, começou sua carreira na TV Gaúcha, no telejornalismo. Desde então, Tânia vem representando vários meios de comunicação com seu estilo de levar a informação a todos os recantos de nosso Rio Grande.

Tânia não se absteve só na atuação de comunicadora, trouxe para nosso povo a cultura, a arte e a literatura, brilhantemente representado por importantes artistas plásticos, escritores, etc.

Tânia, ao aprovarmos esta homenagem, estamos, em conjunto com o Vereador proponente desta Sessão Solene, nosso querido companheiro Dr. Goulart, exaltando a importância da mulher em nossa sociedade. O quanto é importante sua participação em qualquer segmento onde ela esteja representada, no jornalismo, no Parlamento, etc. Vocês, mulheres, estão contribuindo para o desenvolvimento e formação de opiniões, opiniões, sim, pois na medida em que a mulher foi ocupando seus espaços, emitindo suas opiniões, as coisas foram mudando. Sem dúvida nenhuma nós acreditamos numa mudança deste País, e, com mulheres como a nossa querida homenageada, este País terá uma mudança para melhor.

Hoje é uma noite muito especial por realizarmos esse ato. Receba com carinho desta Casa este Prêmio que trará, sem dúvida, mais um avanço e respeito com este exemplo a todas as mulheres gaúchas.

Tânia, continues assim, querida homenageada, para a alegria do teu esposo, de teus familiares, de amigas e amigos, que são milhares.

Permita-me, agora, Tânia, prestar uma homenagem à nossa querida Zaida Jaime Jarros, que nos deixou; ela partiu no dia de hoje, mas cumpriu com seu dever. Em nome da minha Bancada, do PDT, fica aqui este registro, esta homenagem àquela que, sem dúvida, ficará na lembrança, na mente de cada um de nós.

Receba mais uma vez, Tânia, o nosso carinho, a nossa gratidão e o nosso abraço. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra e falará em nome da sua Bancada, o PTB.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Srª Presidenta, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Saúdo ainda o jornalista, comunicador, Lauro Quadros; a Deputada Jussara Cony; a Srª Magda Beatriz; a escritora Elma Santana; esposo, filhos, familiares e amigos da nossa homenageada. Mas, Tânia, não fora a notícia que se abateu, diria assim, sobre a Cidade, sobre o Estado, com o falecimento da querida D. Zaida Jarros, do Décio Freitas, do Dr. Paulo Cirne Lima, faltaria espaço nos corredores da Casa para te ver, te homenagear e te cumprimentar pelo teu brilho, pela tua importância, pelo que tu representas para a Cidade de Porto Alegre no ofício que exerces com brilho, e que vem de longe, e que se consolidou ao longo de mais de três décadas, tanto no rádio como na televisão, em diferentes canais da comunicação social, da boa comunicação social que possuem o Estado, a Cidade de Porto Alegre. E é bom que se diga, neste momento, que a qualidade da comunicação social em nosso Estado, em nossa Cidade, deve-se muito aos talentos dos seus comunicadores e comunicadoras, e aqui está, exatamente, um protótipo dessa grande afirmação da comunicação social em nosso Estado, que é a nossa homenageada Tânia Carvalho - essa figura bonita, bela. Por que isto é importante na comunicação social: a alegria, a simpatia, o carinho que a pessoa, como a Tânia, consegue transmitir mecanicamente no vídeo inter-relacionando com aquele que a está assistindo. É uma qualidade, e eu diria que até é um dom que ela carrega: o seu sorriso bonito, a sua alegria, o seu talento para fazer exatamente isso que é extremamente importante.

Nós vivemos – e não precisaria dizer, estamos cansados de dizer – a era das comunicações, Lauro Quadros. O papel das comunicações é fundamental. O fato, o acontecimento só existem se estiver na comunicação, se for passível de transmissibilidade à sociedade, porque vivemos em uma sociedade de massa. E os acontecimentos, os fatos, o entendimento, a cultura, tudo passa pelos canais, pelo vídeo da comunicação social.

Então, quando a Casa tem a oportunidade de prestar esta homenagem, é um momento gratificante para a Casa. Eu diria até, Tânia Carvalho, que a Casa está sendo homenageada pela oportunidade de te homenagear. Porque o que é a Casa senão a expressão plural, totalizante da Cidade de Porto Alegre? Aqui está representada a Cidade de Porto Alegre. Então, não é este Vereador que quer te cumprimentar, não é este Vereador que quer te saudar, é a Cidade de Porto Alegre, em especial. É a Cidade de Porto Alegre que quer-te agradecer, é a Cidade de Porto Alegre que quer-te homenagear pelo teu brilho, pelo teu talento, produzindo isso que é artigo, utilidade de primeira necessidade, que é a comunicação.

O homem contemporâneo não consegue viver sem a comunicação. E é tão impressionante o peso, a força da comunicação, que, se nós entramos numa casa, seja aqui, seja no interior do Estado, e não ouvirmos o barulho da televisão, não ouvirmos o barulho do rádio, nós temos a impressão de que alguma coisa está faltando! Nós, sociedade contemporânea, estamos visceralmente ligados à comunicação. Eu conheço pessoas e tenho amigos que madrugam e ficam ali esperando que atirem o jornal ou esperando que chegue a hora do programa a ou do programa b no rádio ou na televisão. Então, vejam que importância!

E a nossa homenageada é exatamente uma atriz desse processo, é uma artista, porque o comunicador é um artista, ele trabalha na comunicação com a palavra e produz essa obra magnífica, essa cultura imaterial, que é, exatamente, passar o pensamento, a informação, etc., etc.

É um grande momento para a Casa este em que ela tem a oportunidade de destacar a figura bela, inteligente, competente, talentosa, brava, configurando, até, uma Ana Terra, pelo seu porte bonito. Enfim, a Casa está de parabéns, e, também, a nossa homenageada, que tem tantos títulos, pessoa que está há 30 anos conversando conosco, conversando com pessoas, dialogando com pessoas que nunca a viram pessoalmente, nem ela as viu pessoalmente, mas que estabelece aquela relação permanente de comunicação e daí nascem amizades e admirações.

Receba, nossa homenageada, este Prêmio, que nada mais é do que fazer-se justiça aos valores, aos talentos que enriquecem a Cidade e o Estado do Rio Grande do Sul.

Portanto, é esta a nossa homenagem. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra e falará em nome do Partido da Frente Liberal.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Srª Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Carlos de Brito Velho, um dos mais notáveis homens públicos que este Estado conheceu, em um dos seus mais inflamáveis discursos, Tânia, dizia que era necessário se dar ao seu o que cujo é. Hoje, esta Cidade, pela feliz iniciativa deste inteligente e destacado Ver. Humberto Goulart, dá à Tânia Carvalho algo que ela já havia conseguido no consenso do cotidiano de Porto Alegre. A Câmara Municipal, usando das suas prerrogativas legais, atendeu à provocação objetiva do Ver. Dr. Goulart e decretou, por meio de Lei, que Tânia Carvalho dos Santos é Cidadã Honorária de Porto Alegre. Engrandecemos com isso a nossa galeria de cidadãs e cidadãos honorários e conquistamos o que nós já havíamos conquistado, fizemos dessa bageense uma integrante plena desta cosmopolita cidade de Porto Alegre à qual nós nos integramos com tanto empenho.

Isso para mim não é novidade. Eu sei que esta Cidade é carinhosa e reconhecida, às vezes, até provoca demasias. Lembro-me até de um ano muito importante da minha vida, e certamente referenciado por ti também, Tânia, o ano de 1972. Naquele ano em que tu iniciavas na comunicação, nesse mesmo ano eu abandonava o meu escritório de advocacia e, compelido por convites, iniciava uma vida pública que se prolonga até o dia de hoje. Pude perceber, ao longo desse tempo, como é generosa e como é carinhosa esta Cidade, com seus filhos, com suas filhas, e mais do que isso, pude ver o quão cosmopolita é esta Capital dos pampas. Aqui nós temos, meu caro Lauro, gente de todas as plagas, desde o Pujol de Quaraí, à Tânia de Bagé, que agora não é mais bageense, porque é porto-alegrense.

Mas o que se verifica nessa linha de raciocínio? Verifica-se que a sensibilidade poética, que habita a alma do grande médico Humberto Goulart, olhou bem mais longe do que nós poderíamos imaginar. E acho que até, num ato em que a Presidência tem cumplicidade, fizeram com que Porto Alegre te prestasse esta homenagem exatamente no dia em que a Câmara de Porto Alegre homenageou as mulheres que, em todos os níveis, têm feito desta Cidade não só uma Cidade afável, hospitaleira, mas uma Cidade que difunde cultura, uma Cidade onde todos contribuem, de uma forma ou de outra, para que até nós tenhamos um bom lugar para viver, um bom lugar para morar.

O Ver. Elói foi muito feliz quando disse que, nesta tua conversa diária que tens com todos nós ao longo de mais de 30 anos, tu dás uma contribuição, com o teu humor e com teu talento, mais do que com a tua beleza, para que nós possamos, efetivamente, ir construindo esta bela Cidade da qual tu te apossas, no dia de hoje, e te apossas de forma definitiva, porque aquilo que já havias conquistado, com o teu talento, com a tua qualidade profissional, com a tua simpatia, e por que não, com a tua beleza, isso tudo hoje é dado para ti de papel passado. Não é mais algo que a gente tenha dúvida se está conquistado; agora foi reconhecido no cartório legislativo, que é a Câmara Municipal.

Então, Tânia, quero, com muito carinho - com muito carinho mesmo - e com muito respeito te dizer, querida, que sou muito orgulhoso de integrar um Legislativo em que não faltam iniciativas com essa sensibilidade que o Dr. Goulart teve; Porto Alegre te merece e tu mereces Porto Alegre. Existe esse namoro, não mais escondível, entre vocês dois; entre esta Cidade que é tão aberta e tão hospitaleira, que é tão fidalga com aqueles que recebe e com aqueles outros, que, como tu, ao serem recebidos na Capital dos pampas, dos gaúchos, sabem aproveitar esse espaço maravilhoso que a Cidade oferece e contribuir para a sua construção. E quando o fazem, não só se transformam credoras do reconhecimento público, como agora ocorre, como também contribuem escrevendo um pouquinho mais da história da nossa Mui Leal e Valerosa Cidade de Porto Alegre. Esta Cidade que é tua, agora de fato e de direito. Meus cumprimentos e minhas homenagens. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Raul Carrion está com a palavra e falará em nome do PCdoB.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Transmito a saudação da Deputada Jussara Cony, que teve que se retirar-se e pediu para deixar um abraço para a amiga Tânia Carvalho.

Aqui está sendo concedido o Prêmio que leva o nome da jornalista Carmem da Silva, que foi uma pioneira, como tu, do jornalismo feminino, colocando, no centro do seu trabalho, a problemática, o tema e a luta contra todo tipo de discriminação e de desigualdade.

Desde os anos de chumbo a Tânia Carvalho, com o seu talento, a sua criatividade e a sua meiguice, dizia o que muitos e muitas queriam dizer e não podiam. E também caracterizou-se por sempre fazer dos seus programas a fala dos que não tinham voz, o espaço dos que não tinham território.

Por isso, não querendo me estender - e tudo já foi dito sobre a Tânia e ainda será dito por alguns colegas -, eu vou ler uma poesia, um extrato, na verdade, da poesia de um poeta chileno, que é “As Mulheres da Minha Geração”. Eu me considero da tua geração, claro que eu sendo mais idoso. O poema diz assim (Lê.): “As Mulheres da minha geração abriram suas pétalas rebeldes/ Não de rosas, camélias, orquídeas ou outras ervas/ De salõezinhos tristes, de casinhas burguesas, de velhos costumes/ Mas de ervas peregrinas entre ventos/ Porque as Mulheres da minha geração floriram nas ruas,/ Nas fábricas viraram fiadeiras de sonhos/ Porque as Mulheres da minha geração/ nos marcaram com o fogo indelével de suas unhas/ a verdade universal dos seus direitos. Conheceram o cárcere e os golpes/ Habitaram em mil pátrias, e em nenhuma/ Choraram os seus mortos e os meus como se fossem seus/ Deram calor ao frio e ao cansaço desejo/ À água sabor e ao fogo orientaram pelo rumo certo./ Foram estudantes, mineiras, sindicalistas, operárias,/ artesãs, atrizes, guerrilheiras, até mães e parceiras/ nos momentos livres da Resistência./ Escrevem cartas que incendeiam as memórias/ Lembram aromas proscritos e cantam/ Inventam a cada dia as palavras e com elas nos empurram/ Nomeiam as coisas e mobíliam o mundo/ Escrevem verdades na areia para oferecê-las ao mar/ Elas dizem pão, trabalho, justiça e liberdade/ E a prudência se transforma em vergonha/ São tudo e tudo sustentam/ Não há solidão onde elas mirem/ Nem esquecimento enquanto elas cantem/ Intelectuais do instinto, instinto da razão/ Prova de força para o forte e amorosa vitamina do fraco/ Assim são elas, as únicas irrepetíveis, imprescindíveis/ Sofridas, golpeadas, renegadas mas invictas/ Mulheres da minha geração.”

Tu és uma delas! Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Quero registrar a presença do querido Felicíssimo dos Santos, esposo da nossa homenageada; dos seus filhos, Diogo e Fabiano; das suas noras, Márcia e Martha; também dos jornalistas que prestigiam a sua amiga, a sua colega, como a Magda Beatriz, o Lauro Quadros, o Eduardo Conill, o jornalista Felipe Vieira; do Diretor da TVCOM, Roberto Pauletti; da produtora da TVCOM, Lilica Chagas.

A Verª Clênia Maranhão está com a palavra. Fala em nome da Bancada do seu Partido, o PPS, o Partido Popular Socialista.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Srª Presidente, autoridades que compõem a Mesa, já nominadas, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, porto-alegrenses que vêm compartilhar conosco a emoção de homenagear a Tânia, senhoras e senhores da imprensa. Tânia, a nossa emoção é redobrada, porque nós terminamos, exatamente neste plenário, há uns 15 minutos, uma Sessão Solene em homenagem à mulher. Que maravilha que a gente pode homenagear a Tânia exatamente no dia em que esta Casa homenageia as mulheres do mundo inteiro!

Senhoras e senhores, em 1991, esta Casa, entre tantas homenagens, aprovou a outorga do Prêmio Carmem da Silva, e isso, para mim, era prenúncio de novos tempos. Refletia, também, o tempo das conquistas dos movimentos de mulheres, do movimento de mulher, que lutava pelo reconhecimento e pela visibilidade das mulheres que até há muito pouco tempo estavam ocultas pelo manto das obrigações domésticas. O Prêmio Carmem da Silva resgatava o sucesso de uma jornalista e feminista, duas coisas difíceis quando aplicadas à mulher, quando ainda desbravávamos os caminhos da igualdade.

Não vou resgatar todos os méritos da Carmem da Silva. Mas, hoje, pensando na Carmem da Silva e me alegrando pelo privilégio de poder homenagear a Tânia Carvalho, lembrei de duas características da Carmem da Silva que são características da Tânia Carvalho: o humor e a ironia, duas coisas que até hoje, com toda a nossa luta, ainda são mais ou menos proibidas para as mulheres.

Mas a Tânia, como toda desbravadora, ousou mais um pouco e somou à ironia a irreverência. Não quero repetir aqui os discursos de reconhecimento legítimos à Tânia, eu quero apenas compartilhar com vocês uma parte das vivências da Tânia que conheço não pelo vídeo ou pela minha relação com ela, mas que conheço pela minha trajetória da política. A Tânia é uma democrata, e a sua característica democrata fez com que ela fosse extremamente solidária e atuante com os seus companheiros do mundo artístico que lutavam pela liberdade nos tempos da última ditadura que este País viveu. Nessa realidade a Tânia convivia, solidarizava-se e, pasmem, de uma forma discreta. Ela ajudava na luta do nosso inesquecível Vianinha - do Oduwaldo Vianna Filho -, do José Celso, do Glauber Rocha, do Caetano Veloso e da Dina Sfat. E a Tânia sempre me dá uma sensação estranha, esquisita, sabe? Ela me dá a impressão de que caminha a favor do vento e contra o vento. Ao mesmo tempo em que ela vai na onda da estrela, ela preserva uma luta pela irreverência - que é algo absolutamente necessário para os que não se deixam contaminar pela mediocridade majoritária do mundo.

Com a Tânia no vídeo, sempre me dá uma sensação de tranqüilidade, de que lá está uma guardiã da defesa das divergências, da representação das minorias, da preservação do espírito jovem da contestação, e eu fico confortável, sentada no meu sofá, com isso.

É, mas há outra coisa, e a última, que me intriga na Tânia Carvalho. Vejam como a Tânia Carvalho nos intriga! E que bom que a gente pode ser instigada a pensar, vendo a Tânia. Às vezes, para mim, basta ver a Tânia e eu já me sinto louca para entrar num movimento qualquer de denúncia, de contestação e levantar coisas maravilhosas que, às vezes, por tantas notícias que existem, a mídia não consegue cobrir. A outra coisa que me intriga na Tânia é como ela pode, neste momento em que vive o mundo de absoluto êxtase com os reality shows - como os big brothers e tantos outros - ter a coragem de ir para imprensa - quando no reality show você vai lá, você julga, compara, escolhe, o julgamento tira da parede, bota na parede - e a Tânia vai na mídia e diz assim: “A vida me ensinou a não julgar ninguém”. Não mude nunca! (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Beto Moesch está com a palavra em nome da Bancada do PP.

 

O SR. BETO MOESCH: Exma Srª Presidenta da Câmara Municipal de Porto Alegre, Verª Margarete Moraes; nossa homenageada Tânia Carvalho; proponente desta homenagem, Ver. Dr. Goulart, permitam-me ao citar essas pessoas estender meus cumprimentos às demais autoridades da Mesa, às demais pessoas citadas e mencionadas aqui neste plenário. Ver. Dr. Goulart, tive o privilégio de conhecer a nossa homenageada Tânia, ao contrário de V. Exª, e a Tânia é exatamente a mesma, pessoalmente e atrás das telas. Exatamente a mesma pessoa. E talvez daí, com certeza, um dos motivos do seu sucesso.

Ver. Dr. Goulart, somente uma pessoa sensível, inteligente, espirituosa como V. Exª, poderia ser proponente da homenagem a uma pessoa também sensível, inteligente, espirituosa como a Tânia. E já foi muito bem registrado aqui, pelos que me antecederam, mas a Tânia nessas suas décadas - já - de jornalismo, vem quebrando regras, quebrando tabus. Ela é uma referência, meu querido amigo Lauro Quadros, a esse jornalismo gaúcho que faz escola no Brasil e mundo afora. Quantos jornalistas gaúchos foram, digamos assim, exportados. E a Tânia faz parte desse processo, pelo seu estilo. A Vereadora Clênia colocou muito bem, nós estamos na Semana da Mulher, fizemos uma homenagem agora há pouco, e a Tânia, há muito tempo, busca e conseguiu quebrar preconceitos. Talvez o pior dos preconceitos, o preconceito contra a mulher, porque é quem nos gera. E ela há tanto tempo vem conseguindo fazer isso, pelo seu estilo, pela sua coragem de abordar os temas mais polêmicos, que por décadas tem destacado. E nós todos somos testemunhas disso. A Tânia reúne o charme e a beleza da mulher gaúcha com a competência e o profissionalismo do nosso jornalismo. Nós, que começamos ontem, continuamos hoje e vamos semana adentro, fazendo homenagem às mulheres, num trabalho coordenado pela nossa Presidenta-Vereadora Margarete Moraes - aliás, esta Casa é presidida por uma mulher -, sem sombra de dúvida, hoje, nós destacamos uma mulher: nesta semana de homenagem, Ver. Dr. Goulart, destaca-se a homenagem à Tânia. Está aqui a Lilica, minha amiga, a Magda Beatriz; ou seja, nós também estamos, por intermédio da Tânia, homenageando a jornalista, a mulher jornalista, a comunicadora, que com estilo próprio nosso, gaúcho, rio-grandense vem fazendo escola. A Tânia que passou por todas as rádios e televisões aqui do Estado, que destaca-se pela expressão cultural trazendo por exemplo: Salvador Dali - pela primeira vez - , Picasso, presidindo a Associação dos Amigos do Theatro São Pedro. A Tânia, sim, é uma referência a todas as gerações: às novas, às médias, às velhas gerações; é um referencial.

E é por isso que nós todos, com certeza, estamos muito satisfeitos em estar aqui, hoje. E é um orgulho para a Câmara de Vereadores, por meio do proponente, Ver. Humberto Goulart, estar prestando esta homenagem, e agradecemos pelo teu exemplo, porque, realmente, és referência, principalmente pela homenagem estar ocorrendo na Semana da Mulher, já que és um orgulho para as mulheres e para a sociedade gaúcha. Obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra e falará em nome do PSDB.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Nós, Vereadores, temos o dom da ubiqüidade: estou ao mesmo tempo na periferia de Porto Alegre, numa reunião da Associação de Bairros, discursando, e aqui, agora. É muita onipotência, eu sei, mas é indispensável que a gente corra de um lado para o outro, para uma festa tão importante.

Tânia, um dia eu vi a Carmem Silva declamar Augusto Mayer, chamava-se “Porto Alegre das Pipeiras”. Foi uma das fotografias mais lindas da Cidade que ouvi na voz de Carmem Silva. Isso é só para te dizer o que acho deste Prêmio maravilhoso.

O Luiz Braz me pediu: “Pelo amor de Deus, Sebenelo, não esquece de dizer a Tânia que amo ela de paixão”! Não podia esquecer.

Agora, vamos para a solenidade propriamente dita.

(Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Meu caríssimo irmão, Vereador Goulart, que além de tudo teve essa inspiração extraordinária de fazer, hoje, esta homenagem que engalana esta Casa. Muito querida de todos nós, Tânia Carvalho. Há incontáveis anos, quando a nossa juventude e paciência toleravam até matinês com filmes de cowboys, os heróis de então eram altos, atléticos, bonitos, sempre vencedores e monopolizando a atenção das moças. Conquistavam sempre as mais bonitas e produzidas. Elas – desculpa, Lauro, mas eu vou falar em altura -, bonequinhas de, no máximo, um metro e quarenta e cinco, metro e cinqüenta, eram chamadas de “pequenas” ou pelos galãs de “minha pequena”, possessivamente. Coisificadamente.

Este apequenamento não era só físico. Era também mental, também psicossocial, especialmente para uma geração pós-guerra no imediato, que nela perdera ou inutilizara a maioria de seus homens, (pois exército era coisa para macho), transformado-os em mercadoria rarefeita, hipervalorizada, fosse no varejo ou no atacado e a conseqüente mínima ou nenhuma auto-estima de uma legião de mulheres em busca, pasmem, de um casamento e do que ele representava em economia, segurança e definições. Afora, as manutenções da vida própria e perpetuação da espécie. Era o quadro inequívoco da submissão.

Lembro-me bem, Tânia, de uma valsa mexicana chamada “Pequeña” (Pequeña, te llamo pequeña, te adoro pequeña, com toda mi voz), pois é isso aí, era uma ode à mulher amada. Mas irremediavelmente pequena.

Mas o mundo mudou. Nesses sessenta anos a mulher cresceu em tamanho (as top-model comumente atingem hoje um metro e oitenta) e trocamos a baixinha Elizabeth Taylor por Gisele Bündchen. E este crescimento não foi apenas antropométrico. Ele tem sonorizado também uma eugenia de seus espécimes. Os homens passaram a jogar basquete, ultrapassando a barreira dos dois metros, sem que tivesse o mesmo significado do desenvolvimento da mulher.

Vertiginosamente, ela saiu do desconforto de sua clausura, onde se reduzia, ela e seu contexto, a atividades domésticas, de maternagem, de aleitamento, e foi em busca do sustento, da ágora, da amplidão de vista e dos propósitos.

Os termos mudaram. Ultimamente, a caminhoneira, a taxista, a moto-girl, a âncora de programas, estão assumindo estas e outras grandes responsabilidades na atividade pública. E as denominações, outrora somente masculinas, exigiram neologismos para a caracterização das mudanças. Et Dieu creat la femme.

E nesta semana em que celebramos o Dia Internacional da Mulher, festejamos também crescimento e extraordinárias contribuições da mulher nos acréscimos éticos, no aperfeiçoamento social e político, só não atingindo magnitude mais significativa pelo enfrentamento constante, desgastante do preconceito, inclusive, oriundo da própria mulher.

Às vezes citamos Ana Néri, Chiquinha Gonzaga, Anita Malfatti, Anita Garibaldi, mas longínqua, e mesmo na ficção nossa cultura exalta em Érico, a figura de Ana Terra. E no messianismo histórico de Assis Brasil, Jacobina Maurer. Mas seria bem melhor lembrar a mulher anônima na marginal das nossas cidades, cheias de filhos, de dívidas e desesperanças. Mas, hoje, nesta semana de festa, e por que não na nossa homenageada, a celebração e a exaltação de Tânia Carvalho.

Nos dias atuais a televisão nos oferece a mulher pós-moderna de todas as formas, seja pelo sex appel, pela performance artística, pelo domínio da comunicação, elas ocupam hoje um espaço ponderável nas nossas noites, também à frente desse quadrado, ora luminoso, ora ofuscante. Mágico, dominador, fábrica de imbecis ou de gênios, entretenimento ou novo veículo de didáticas sociais.

É impressionante, nos dias que passam, a capacidade de venda, de convencimento, de estímulos subliminares, inclusive, na televisão e, lembrem-se: a experiência do tabagismo.

Mas, vejam, também, a capacidade de transmissão de saberes, conhecimentos imateriais e letivos. O pré-requisito inteligência, de retraído mercado passa nitidamente a ter a contribuição decisiva na nossa antiga oprimida mulher, hoje em direção à hegemonia.

Esta mesma maquineta que nos aquieta e que nos imobiliza, que nos impede uma charla com o vizinho do lado que há muito esquecemos, passa a ser fator essencial da integração entre telespectadores que necessitam conversar, trocar idéias, conviver, curtir, principalmente depois dos programas, Tânia, deixar de sentir-se ilha e tornar-se arquipélago. Passam a ter, inclusive, a viciosa volta à necessidade de idéias numa charla, de novo, com os vizinhos. E comandar esta roda de conversas, sem pauta, sem compromissos a não ser com a verdade de cada um, é a felicidade que cada nosso fim de tarde contempla, como um renascimento diário, como reestruturação do conhecimento e das novidades trazidas ao papo amigo, boca a boca, olho no olho, disseminado, instigante, perscrutador. No seu comando, na mesma altura, sem qualquer pretensão à professora, a Professora, com “P” maiúsculo, de televisão, o talento da atriz, o encanto, a espontaneidade.

E a Cidade todos os dias vai dormir mais rica, e a riqueza não é só dos convidados. Tudo isso é ordenado com a sabedoria e a experiência opulenta e fértil de Tânia Carvalho, nome e sobrenome pronunciados sempre juntos por quem a conhece.

E o mais interessante é que ela não faz o tipo; ela é assim mesmo; repentista, atriz do cotidiano, é, na vida real, a mesma, pândega, crítica, elegante, terna e capaz de tudo, inclusive cometendo, com o Dr. Felicíssimo, uma admirável e adorável família. Enfim, uma amostra de mulher, amostra do que há de novo, de mais avançado. Competente e solidária, de mãos dadas. Sem feminismos radicais incompatíveis com o pensar contemporâneo, vai mostrando com naturalidade o que a mulher tem de extraordinário, de instinto e de planejado, de criação e de estudado, sem as vitimizações que radicalizam, anulam e regridem a estágios anteriores das convivências, onde se volta a permitir o preconceito e se deterioram as relações sociais, lá vai ela fazendo o que mais gosta: conversar, se mostrar, mostrar os outros, se fresquear, aparecer como criadora. Mestra em receber, fidalga como mulher, receptáculo, continente, acolhedora.

Mas o atraente em Tânia Carvalho, para seus convidados, é, paradoxalmente, sua imensa capacidade de ouvir, perdida nesta sociedade egoísta; e de ouvinte a, também, ser fonte irradiante de simpatia e sabedoria.

Esta é a Tânia Carvalho de 2004, século XXI: jovem, bonita e talentosa, e no seu meio, o das comunicações, ela é uma unanimidade. É fácil falar bem de Tânia; refiro-me à mãe, à esposa, à profissional, mito e realidade, referência de uma sociedade inteira. Sei que é muito carregar tudo isso, mas é muito pouco para retratar essa figura da Cidade, inconfundível e alegre como uma certa metrópole estirada às margens desse aguaceiro interminável, neste Guaibão não só de sol para se bronzear, de água para lavar, não só de porto para atracar, não só de sorrisos para desopilar, de vida para viver, e, vivendo, Tânia, sonhar.

Tânia Carvalho, grande e ilustre dama de todos os nossos dias, do fim de tarde e das nossas calçadas, das cadeiras simples e uma vizinhança conversando, e como tu, esta Cidade sempre pronta para uma charla amiga Falando Abertamente. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Convido o Ver. Elói Guimarães para que assuma a presidência dos trabalhos para que eu possa me pronunciar.

 

(O Ver. Elói Guimarães assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Com a palavra a Presidenta da Casa, Verª Margarete Moraes em nome da Bancada do PT.

 

A SRA. MARGARETE MORAES: Querido Presidente Elói Guimarães. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Querida Tânia Carvalho, nossa querida homenageada, preciso dizer que tenho uma felicidade e me sinto extremamente gratificada, porque na condição de Presidenta desta Casa, depois de 230 anos, posso prestar uma justa homenagem à Tânia Carvalho, e isso acontece em plena Semana da Mulher, em plena semana em que nós, Vereadoras Clênia Maranhão, Maristela Maffei, Maria Celeste e eu, em conjunto com as instituições da Prefeitura, da Assembléia Legislativa e do Governo do Estado, conseguimos produzir e organizar uma programação unitária que dá ênfase, querida Tânia, à conscientização, ao acúmulo histórico, à reflexão. Há uma consciência de que, se muito foi feito, muito ainda deverá ser feito, mas que também contempla situações de sensibilidade, situações de arte, de festa, de alegria, como nós pudemos conferir hoje, com o desfile da grife do Morro da Cruz, através do Balé Fênix, ou com a apresentação da Sio, da Loma, da Lúcia Helena, relembrando e relendo Elis Regina, essa nossa querida, eterna, e inesquecível gaúcha, e essa programação da Câmara sintetiza, expressa e traduz um pouco da personalidade da Tânia Carvalho. E este meu contentamento se estende ao Ver. Dr. Goulart por sua feliz iniciativa de conferir o Prêmio Jornalista Carmen da Silva a esta extraordinária mulher identificada desde sempre, e sempre será, com o ideal libertário, emancipatório dos povos. Uma mulher do porte, da grandeza, da magnitude, da singularidade da Tânia supera, nesta Casa, legítimas diferenças ideológicas que compõem a riqueza daqui e que garantem a nossa democracia interna. Seja na condição de jornalista, de produtora cultural, de amante e de colecionadora das artes plásticas - e a Tânia foi retratada várias vezes por Iberê Camargo, isso não é pouca coisa para uma pessoa -, na condição de repórter, de jornalista, de entrevistadora, a Tânia jamais passa em brancas nuvens, ela sempre faz a diferença, e eu creio que o interessante é que o seu poder não vem do cargo ou da função que ora exerce, não vem da sua condição social, nem do seu sobrenome, o poder da Tânia vem da sua essência, do seu conteúdo e do seu preparo, daquilo que já foi muito bem dito nesta Sessão: do seu talento, da delicadeza, da ironia, do bom humor - sempre tem uma piada na hora -, da sua rapidez de raciocínio, mas também da sua generosidade, desta beleza interna e externa, do seu bom gosto, enfim, o poder da Tânia vem da sua autenticidade, que ela irradia perenemente. As mulheres de hoje, elas refletem e sabem que, se nem tudo são flores, se muita luta ainda deve ser realizada, precisamos abrir novas portas e superar tantos problemas. Nós contabilizamos, sim, uma luta positiva, um avanço civilizatório. Hoje, as mulheres, parece incrível, votam e são votadas. Hoje, as mulheres são profissionais competentes e contribuem em vários setores da atividade humana. E as mulheres de hoje devem isso aos nossos antecessores e às nossas antecessoras, a homens e mulheres que compartilham esse ideal civilizatório, emancipatório, que faz com que nós lutemos cotidianamente para que todas as pessoas consigam compreender essa realidade, compreender este mundo em que nós vivemos e transformar essa realidade. E faz com que a nossa luta tenha a ver também com o direito de todas as pessoas à alegria e à felicidade. E aí eu quero cumprimentar mais uma vez a inspiração, que faz parte da sua personalidade, do nosso querido Ver. Dr. Goulart, também médico e também um grande poeta, pela oportunidade deste encontro, Vereador. Muito obrigado.

E se nós chegamos até aqui hoje, neste momento tão denso e tão intenso, nós também devemos a desbravadoras, nós devemos a figuras do porte de Simone de Beauvoir, a figuras do porte de Frida Calo, da Srª Zaida Jarros, e, sobretudo, da figura da Tânia Carvalho, por tudo que foi, por tudo que é, e por tudo o muito que ainda fará pela nossa cidade de Porto Alegre. Portanto, querida amiga Tânia, a cidade de Porto Alegre te agradece e te parabeniza. Muito obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Convidamos o Ver. Dr. Goulart a proceder a entrega do Prêmio de Jornalismo Carmem da Silva à Srª Tânia Carvalho dos Santos.

 

(Procede-se à entrega do Título.) (Palmas.)

 

Convidamos a nossa homenageada, Srª Tânia Carvalho dos Santos, para fazer uso da palavra.

 

A SRA. TÂNIA CARVALHO DOS SANTOS: Estou um pouco constrangida. Eu achei até que já tinha morrido também, tinha ido com a D. Zaida, mimosa, pois falaram tantas coisas! Será que eu também morri?

Enfim, eu queria agradecer muitíssimo e queria saudar a Presidenta, Verª Margarete Moraes, é um orgulho, é uma honra tê-la na Presidência desta Câmara - a primeira mulher -, nos orgulhamos muito.

Obrigada pela presença, Heloísa Trípoli Goulart Piccinini, que eu conheço desde pequenininha, me permita, filha do meu querido amigo Dr. Celestino Goulart; obrigada, Afonso Motta, meu querido amigo e colega; Geraldo Corrêa, pela presença, obrigada também.

Eu fico, também, um pouco envergonhada de fazê-los ficar todo esse tempo nesta cerimônia aqui. Não sei como é que o meu marido vai levar para casa toda essa bagagem que eu recebi agora. Vamos ver!

Obrigada, Dr. Geraldo Stédile, que lembrou de mim, também, quando fui chamada para participar do livro; e às pessoas queridíssimas que falaram: Clênia Maranhão, se eu pudesse ter cópia de tudo o que vocês disseram; Raul Carrion, eu sou mais velha do que tu, sim! Reginaldo Pujol, Elói Guimarães, Beto Moesch, Ervino Besson, Jussara Cony, que me deixou um beijo grande; Maria Celeste, Maristela Maffei.

Dr. Humberto Goulart, eu não sei como agradecer esta homenagem, vai ser inesquecível para mim, marcante. Eu tenho 61 anos e achei que já tinha recebido tantas homenagens, mas sempre é a primeira e sempre é a mais emocionante. E o nome da Carmem da Silva me emociona também profundamente. Eu ganhei este livro do Tatata, o exemplar n.º 3 do primeiro livro da Carmem da Silva, Sangue Sem Dono, Campos de Carvalho, que escreveu a orelha, disse que era uma autora que ele não conhecia e um nome aparentemente inexpressivo.

Então, vejam, quantas mulheres não aparecem e que têm seus nomes inexpressivos e que se salientam tanto quanto a Carmem da Silva se salientou. Era psicóloga, escritora, jornalista, viveu no Uruguai e na Argentina, e eu tive o privilégio de conviver com a Carmem da Silva na Editora Abril, eu trabalhava na Cláudia, Manequim e outras revistas, e ela trabalhava na revista Cláudia, especificamente, fazendo a coluna Arte de Ser Mulher. Ela escreveu o livro Histórias Híbridas de Uma Senhora de Respeito, era uma mulher aparentemente bem comportada. Uma vez receberam cartas, na Cláudia, de mulheres dizendo para a Carmem: “Por favor, diz para esta mulher nos deixar em paz! Por favor, consciência dói”. E a Carmem fez com que as mulheres pensassem. Ela levou muito tempo para empregar uma palavra assim, bicho-papão, feminismo, mas acima de tudo estimulou o diálogo entre homens e mulheres, nos acordou, nós, belas adormecidas e foi uma grande arquiteta da consciência feminina, uma das fundadoras do Centro da Mulher Brasileira. Derrubou preconceitos, os desafios, quebrou tabus, venceu obstáculos, tudo em nome do seu sonho: a liberdade, a liberdade de pensamento; a igualdade, a igualdade dos salários iguais, sim. Somos apenas 9% de mulheres, Presidenta, em cargos executivos, em cargos de chefia, ainda somos poucas, mas a Presidenta, aqui, nos representa muito bem.

Eu queria agradecer – claro, celebridade sempre agradece – a minha mãe, a Dona Maria Carvalho, maravilhosa, que me ensinou a luta da vida, a minha mãe é uma grande lutadora; o meu marido, amado amante, amigo querido, que teve coragem de me dar a mão, fizemos esta minha família tão linda, com o meu filho Fabiano, o Diogo, Márcia, que já é minha filha, e a Marthinha, que vai ser, eu tenho certeza. Eu queria agradecer a TVCOM, à Rádio Gaúcha, que me permite toda a liberdade do mundo, essa liberdade que a gente prega tanto, que me proporciona desenvolver este trabalho que eu amo e principalmente me tornar junto com outras mulheres, como a Carmem da Silva dizia, protagonistas do nosso próprio destino. Eu queria só dizer para vocês um poema da Elisa Lucinda, muito bonito, lindo. E a Elisa Lucinda tem toda a irreverência que vocês disseram que eu tenho.

Aproveito e agradeço aos meus amigos, meus amigos queridos de infância que estão aí, meus amigos de todos os dias. Eu não vou citar ninguém, mas são pessoas que me comovem, vê-los aqui todo esse tempo, porque vocês me amam e sabem que eu amo vocês. Minhas colegas, minhas amigas; Lilica, obrigada por tudo. Sempre eu digo que tudo o que eu faço é a Lilica que pensa, que faz a metade, ela que me dirige, xinga-me, diz-me horrores no ponto, mas ela tem toda a razão. De vez em quando alguém... (Manda beijos.) Deixa eu falar Elisa Lucinda, senão... Nós não somos só colegas, nós somos muito amigas também. Nós, dentro da TVCOM temos - Lauro, nós somos amigos há tanto tempo, não é Laurinho? – alguma coisa que nos faz muito unidos, muito amigos e muito solidários, principalmente as mulheres.

Elisa Lucinda disse assim (Lê.): “Aviso da Lua que Menstrua. Moço, cuidado com ela! / Há que se ter cautela com esta gente que menstrua... / Imagine uma cachoeira às avessas: / cada ato que faz, o corpo confessa. / Cuidado, moço / às vezes parece erva, parece hera / cuidado com essa gente que se metamorfoseia / metade legível, metade sereia / Barriga cresce, explode humanidades / e ainda volta pro lugar que é o mesmo lugar / mas é outro lugar, aí é que está: / cada palavra dita, antes de dizer, homem, reflita... / Sua boca maldita não sabe que cada palavra é ingrediente / que vai cair no mesmo planeta panela. / Cuidado com cada letra que manda pra ela! / Tá acostumada a viver por dentro, / transforma fato em elemento / a tudo refoga, ferve, frita / ainda sangra tudo no próximo mês. / Cuidado moço, quando cê pensa que escapou / é que chegou a sua vez! / Porque sou muito sua amiga / é que tô falando na ‘vera’ / conheço cada uma, além de ser uma delas. Você que saiu da fresta dela / delicada força quando voltar a ela. / Não vá sem ser convidado / ou sem os devidos cortejos.../ Às vezes pela ponte de um beijo/ já se alcança a “cidade secreta”/ a Atlântida perdida./ Outras vezes várias metidas e mais se afasta dela./ Cuidado, moço, por você ter uma cobra entre as pernas/ cai na condição de ser displicente/ diante da própria serpente./ Ela é uma cobra de avental./ Não despreze a meditação doméstica./ É da poeira do cotidiano/ que a mulher extrai filosofia/ cozinhando, costurando/ e você chega com a mão no bolso/ julgando a arte do almoço: Eca!.../ Você, que não sabe onde está sua cueca?/ Ah, meu cão desejado/ tão preocupado em rosnar, ladrar e latir/ então esquece de morder devagar/ esquece de saber curtir, dividir./ E aí quando quer agredir/ chama de vaca e galinha./ São duas dignas vizinhas do mundo daqui!/ O que você tem para falar de vaca?/ O que você tem eu vou dizer e não se queixe:/ VACA é a sua mãe. De leite./ Vaca e galinha.../ ora, não ofende./ Enaltece, elogia:/ comparando rainha com rainha/ óvulo, ovo e leite/ pensando que está agredindo/ que tá falando palavrão imundo./ Tá, não, homem./ Tá citando o princípio do mundo!”

Elisa Lucinda, obrigada por fazer de suas palavras as minhas para ser irreverente, para dizer algumas coisas que, ditas por meio da Elisa Lucinda, ficam um pouco melhor. Obrigada, meus amigos. Obrigada de novo! Tchau! (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Esta é a verdadeira Tânia Carvalho. Nós agradecemos a presença de todos e de todas e, ao darmos por encerrada esta Sessão Solene, convidamos para a abertura da Amostra Jacobina, Líder dos Mucker, no Salão Adel Carvalho, ao lado deste plenário, outra inspiração do Dr. Goulart, organizada pelo Memorial desta Casa. Muito obrigada.

 

(Encerra-se a Sessão às 20h59min.)

 

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